Os estudantes do Instituto Politécnico da Guarda saíram, esta quarta-feira, à rua para denunciar os cortes orçamentais no ensino superior e na Acção Social, que dizem afectar sobretudo as instituições do Interior do país.
"Os últimos Orçamentos de Estado têm penalizado os estudantes que pretendem formar-se no interior", considera Marco Loureiro, presidente da Associação Académica, para quem essa situação tem contribuído para o afastamento dos estudantes do IPG. Centena e meia de manifestantes desfilou entre o Politécnico e o Governo Civil, no centro da cidade, onde foi entregue um abaixo-assinado dirigido a Mariano Gago.
Com mais de mil assinaturas, o documento confronta o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com o "reduzido financiamento" atribuído ao sector, "sendo ainda menor o investimento nas instituições sedeadas no interior do país, onde se insere o Instituto Politécnico da Guarda, prejudicando desta forma a subsistência destas instituições", queixam-se.
O que revela que "o Governo continua a não querer respeitar a Constituição, segundo a qual 'todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar', estabelecendo-se progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino", invocam. Os subscritores do abaixo-assinado sustentam ainda que a fórmula de cálculo para atribuição de bolsa social de estudo é "injusta".
Fonte: Jornal de Notícias Por: Luis Martins
Fonte: Diário XXI (edição 30-Outubro-2008)
Marco Loureiro, presidente da Associação Académica da Guarda (AAG), disse à Lusa que, com o protesto, os estudantes alertaram publicamente para a «injustiça» traduzida pela «fórmula de cálculo para atribuição da bolsa social de estudo» que este ano lectivo entrou em vigor
Adiantou que, por decisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o cálculo da atribuição das bolsas passou a ser feito pelo valor líquido anual do agregado familiar «multiplicado por catorze meses, incluindo o subsídio de férias e o de Natal».
O dirigente considera que «a fórmula mais justa seria aquela que apresenta a multiplicação apenas pelos doze vencimentos anuais e não acrescentada pelos dois subsídios, que deverão ser vistos como um extra para o agregado familiar e não sujeitos a deduções».
Devido a esta alteração, que os alunos querem ver corrigida, o dirigente estudantil adiantou que 25 alunos do IPG «ficaram sem a bolsa de estudo» e outros viram o seu valor reduzido em relação ao ano anterior, situação que disse poder comprometer a continuidade dos estudos.
«Exigimos que essa lei seja alterada», disse Marco Loureiro à Lusa, adiantando que «o ensino académico é caro e esta medida torna-o ainda mais caro» e cria problemas «nos bolsos dos pais dos estudantes».
Cláudia Lourenço, aluna do segundo ano do curso de Comunicação e Relações Públicas, natural de Viseu, contou à Lusa que este ano viu a bolsa de estudo ser reduzida «de 230 euros para 115 euros».
«Só a minha mãe é que trabalha, estou a fazer um grande esforço para estudar e já pus a hipótese de deixar de estudar», admitiu.
Também Carla Leite, que estuda no quarto ano do curso de Enfermagem, natural do Porto, adiantou que este ano lectivo a sua bolsa de estudo «baixou cerca de 50 euros».
«Era de 160 e passou para 110 euros», indicou, considerando que a redução «é um tombo», porque «os 50 euros davam jeito para as despesas com o curso».
Os estudantes que participaram no protesto realizado hoje durante a tarde, fizeram a pé o percurso entre o IPG e o Governo Civil da Guarda, tendo entregue um abaixo-assinado à governadora Maria do Carmo Borges, a quem pediram que fizesse chegar o apelo ao ministro da tutela.
No documento também pedem «mais investimento na acção social do ensino superior e mais financiamento para as instituições do ensino superior do interior», indicou o dirigente estudantil Marco Loureiro.
O IPG possui cerca de 3.500 alunos e integra as escolas superiores de Saúde, Turismo e Hotelaria, Tecnologia e Gestão e Superior de Educação, Comunicação e Desporto.
29-10-08 Fonte: Rádio Elmo |