terça-feira, 17 de março de 2009

AAG na Imprensa Local

Alunos do IPG com dificuldades financeiras
Politécnico da Guarda tem «entre 10 a 20» alunos com propinas em atraso

«Não é fácil o estudante assumir-se como pobre»

A 10 de Dezembro de 2008, 600 alunos bolseiros do IPG ainda não tinham pago as propinas.

«Há muitos alunos com dificuldades financeiras para estarem no ensino superior». O alerta é de Jorge Mendes, presidente do Instituto Politécnico da Guarda, que tem «entre 10 a 20» estudantes com pagamentos de propinas em atraso. No caso da Universidade da Beira Interior (UBI) também é público que há estudantes com problemas económicos, embora não tenha sido relevado a O INTERIOR o número de pessoas que não conseguiram pagá-las. No caso do IPG, o número de estudantes em falta já foi bastante superior neste ano lectivo, visto que a 10 de Dezembro de 2008, «cerca de 600 alunos ainda não tinham liquidado as propinas», mas por causa dos atrasos no pagamento das bolsas. Entretanto, «a maioria já pagou», havendo neste momento «um número que anda entre os 10 e os 20 alunos, não mais que isso», adianta Jorge Mendes. O responsável explica tratar-se de «pessoas que entraram na segunda fase do concurso e que se candidataram às bolsas», ainda não tendo recebido os respectivos montantes a que têm direito. A essas não foi exigido qualquer pagamento, acrescenta, adiantando que o IPG tem actualmente perto de mil alunos bolseiros. «Mas sentimos, no terreno, que há muitos alunos com dificuldades financeiras para estarem no ensino superior e não é pela questão da propina em si. É por tudo o que está associado», garante. Uma realidade comprovada pelos «pedidos sucessivos» a solicitar o adiamento do pagamento de propinas, que, por vezes, são aceites e noutras negados em virtude da «justificação apresentada não nos parecer correcta». De resto, uma das medidas concretas que o IPG está a aplicar para ajudar os estudantes mais carenciados é, precisamente, «o não cumprimento do regulamento das propinas», que estabelece que «10 dias após saírem as bolsas, o aluno tem de liquidar as propinas e nós não estamos a fazer isso». Mesmo assim, há estudantes «em situações limite e em casos extremos», que estão a ser apoiados pelos Serviços de Acção Social que garantem a sua alimentação. «Não há nenhum aluno do Politécnico da Guarda que possa dizer que não comeu porque os serviços lhe negaram essa possibilidade», assegura Jorge Mendes, adiantando que também existe «alguma flexibilidade» no pagamento dos quartos nas residências. «Muita gente que tem dificuldades, por vezes, não dá a cara. Se calhar, a situação mais grave em todo o ensino superior é a de alunos que realmente têm dificuldades, que fazem um enorme esforço para estudar e que acabam até por cumprir com as suas obrigações, mas certamente à custa de muitos sacrifícios pessoais, mesmo em termos de alimentação», exemplifica.
Também a Associação Académica da Guarda (AAG) reconhece que «há sempre muita dificuldade para descobrir determinadas situações, porque não é fácil o estudante assumir-se como pobre e dizer que não tem dinheiro perante os colegas», explica Marco Loureiro. O presidente da AAG acredita até que há muitos alunos que preferem sair à noite, «aparentando estarem bem financeiramente quando, na verdade, não estão». Prevê, por isso, que se a situação continuar a agravar-se, «lamentavelmente, alguns deles vão deixar de estudar». Já em finais de Fevereiro, no seu discurso de tomada de posse, o dirigente estudantil avisava que «todos os dias» há «centenas de estudantes» do ensino superior que «procuram trabalhos em regime "part-time", sujeitando-se ao trabalho precário, ou mesmo a abandonar temporariamente os estudos, a fim de conseguirem liquidar todas as despesas inerentes à sua formação académica».

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